terça-feira, 28 de abril de 2009

PROFISSÃO : PROSTITUTA

Sou uma curiosa nos assuntos que se referem as pessoas e seus sofrimentos e suas difuculdades de lidar com eles, por isso resolvi descer do meu apartamento e conversar com as moças que fazem barulho à noite, não deixando dormir os moradores aqui de Copacabana onde moro, mais precisamente na Av.. bem, onde moro exatamente é o que menos importa. Importa que desci uma madrugada dessas e fui conversar com uma dessas moças que se colocam à exposição na avenida para ganharem a vida. Sempre fiquei curiosa quanto ao motivo de cada uma delas . Como disse...numa madrugada dessas desci e fui muito bem recebida pelas que não estavam trabalhando no momento que cheguei. Logo que as abordei, fui explicando o meu motivo. 'Sou escritora e quero escrever a respeito da vida que levam.' Diferente do que eu imaginava, cada uma queria falar de si sem mêdo de algo perigoso. A mais falante era Vitória, uma moça loura que foi logo se apresentando e me perguntando o que eu realmente queria saber. Eu disse apenas: '-fale-me do que a trouxe aqui para a avenida com chuva frio, calor e noites paradas..' Vitória então perguntou-me se eu estava disposta a ouvir a sua história caso algum cliente não a levasse a fazer um programa. Dissera que tinha todo o tempo do mundo e encostei-me em um carro estacionado e preparei-me para ouvi-la. Era uma jovem de vinte e tres anos magra loura bonita e muito muito simpática. Pude perceber que usava uma maquiagem mal feita e talvez...sem espelho. Dissera ser do interior de Minas, como a maioria das colegas e os seus pais só a deixaram vir para o Rio pois dissera-lhes que iria direto para uma agência de empregos que abriga moças por quinze dias até que consigam ocupação. Dissera-me que todas as moças do ponto onde trabalhava eram de fora e que as famílias nem sonham com o que as filhas fazem. Diziam na maioria das vezes que eram babas em casas de família o que deixava os pais mais tranquilos afinal teriam um lar e um cantinho quente para dormirem. Vitória na verdade se chama Maria Pia e é filha de gente muito humilde agricultores que vivem do que plantam por isso a menina não se conformara com a miséria que lhe era a única coisa que sabia real naquele lugar. Dentro de si já tinha uma alma de quenga muito aflorada e sabia que daria certo seguir o caminho de Brígida a filha dos vizinhos do lote ao lado e via todos os meses os pais de Brígida comemorando o dinheirinho enviado pela filha em ordem de pagamento na única agência do banco naquela cidadezinha. Queria dar a seus pais a mesma felicidade já que eles não puderam dar-lhe nenhuma. Saíra de casa determinada a vencer a todo custo e prometera a seus pais uma vida digna e jurara para si mesma cumprir o seu juramento, mesmo que para isso tivesse que ser humilhada e maltratada pela vida. Não dera outra. Maria Pia nem sonhava com o que a vida de PUTA lhe reservava. Durante a nossa conversa por umas duas ou tres vezes fomos interrompidas pelo assédio de algum cliente que ela dispensara por não concordar com as condições de pagamento. E continuamos o assunto... Chegando na rodoviária e com o endereço de Brígida na mão , muito esperta saíra perguntando onde pegaria um ônibus que a deixasse mais próximo daquele local, o centro da cidade. Não fora difícil pois era bastante inteligente e o local não era longe da rodoviária. Lá Brígida já a esperava para dividir com ela uma vaga no quartinho mal iluminado e mal cheiroso. Toda feliz pois sabia que à noite já começaria a trabalhar nas ruas de Copacabana. A amiga emprestara-lhe um vestido justo um sapato de salto bem alto e maquiara-lhe o rosto onde ainda restava alguma inocência. Emprestara-lhe também um perfume barato que mais fedia do que cheirava. Mas estava feliz . Era uma estranha para as outras, mas fora muito bem recebida pois estava sendo levada por Amanda que era o nome de guerra da amiga. No caminho decidiram que Maria Pia a partir de então seria chamada de Vitória , pois se tivesse um nome que servisse para os dois sexos como Fenanda ou Roberta por exemplo, poderia ser confundida com os travestis que dividiam com as outras o mesmo ponto. Afinal as meninas travestis em nada diferem das demais a não ser na hora do programa, pois 'elas' tem mais coisas a oferecer aos seus clientes. Vitória falou-me das dificuldades da vida de uma prostituta. Falara também dos prós e dos contras. Dissera-me que o seu primeiro programa fora um sofrimento só, pois como era virgem e nada dissera ao cliente, tivera que suportar as dores do defloramento quase sem gemer ou chorar. O cliente percebendo que se tratava de uma virgem dera-lhe tapas no rosto e reclamara muito, pois era casado e não teria tempo para paparicações e nem tato em demasia. Então como que para castigá-la depois de muitas tentativas fizera a moça chupar-lhe o pênis e gozara assim em sua bôca sem nenhuma proteção e ela sem maldade nunhuma cuspira enojada o esperma daquele desconhecido que a ferira a vagina . Vitória ficara triste e decepcionada pois queria trabalhar de verdade para poder ganhar dinheiro e enviar aos seus pais. Lembrava-se a todo instante do juramento que fizera a si mesma de ajudar a todo custo seus pais e seu maior sonho era comprar a casa própria para eles. Sua primeira experiência no entanto em nada a ajudara na profissão que nada tem de VIDA FÁCIL pelo contrário é bastante difícil. Voltara para o ponto chorando e dizendo as amigas que era virgem e que não sabia que era preciso que não fosse para poder agradar ao cliente. Descansara um pouco encostada em um carro no estacionamento já acendera um cigarro, coisa que nunca fizera antes Algumas horas mais tarde chegara outro cliente que entre todas as moças a escolhera e de novo lá fora Vitória dolorida e ajeitando o vestido curto tentando se equilibrar em cima do salto do sapato que a colega emprestara e retocando com batom os lábios de qualquer maneira e recolocando o perfume barato que sua amiga de Minas colocara em sua bolsa. Este cliente oferecere-lhe cinquenta reais como o anterior que enraivecido pagara-lhe apenas trinta pois não chegara a ter relações com ela de maneira completa. Contudo ao entrar no carro Vitória ouvira o homem mandar que ela escolhesse uma de suas amigas para irem juntos pois queria uma transa a três coisa que Vitória nem sabia que teria que fazer. Morta de mêdo escolhera Amanda sua amiga de Minas Gerais e lá foram as duas ao hotel barato. Chegando lá o cliente mandara que tirassem a roupa e começassem a dar-lhe um trato bastante profissional. Vitória nem sabia o que teria que fazer, mas Amanda dissera-lhe que teriam que se beijar e chuparem-se e depois chuparem e lamberem aquele homem feio e mal cheiroso . As duas estavam nervosas pois apesar de estar na 'vida' a mais tempo, Amanda só tivera uma experiência deste tipo e já até se esquecera de como começara. As duas beijaram-se e se tocaram amedontradas e sem nenhuma excitação viram o homem tocando o pênis e sorrindo para elas que disputavam o pau imenso daquele homem esquisito fingindo um prazer que nem de longe sentiam. Vitória por estar dolorida preferiu ser penetrada por trás (não imaginara que doeria tanto !)enquanto chupava a amiga e depois revezaram-se. Fizera o possível para suportar a dor sem gemer muito . O homem queria beijos na bôca, mas já avisada que não se beija cliente Vitória rejeitara o beijo babado daquele homem indelicado e de súbito sentira um tapa bastante dolorido no rosto. Sua amiga dissera quase que sussurando que ela demonstrasse prazer, pois uma PUTA tem que fazer o que o cliente manda pois o risco de apanhar é muito grande. Assim Vitória aprendera a gemer e a fingir prazer. Fingia de uma maneira tal que os homens com quem se deitava adoravam estar com ela e passara assim a ser a prostituta mais requisitada daquele ponto. Também a mais bem paga, pois com o passar do tempo acostumou-se a fazer sexo anal e os homens propagavam aos outros que ela era de todas a da bundinha mais gostosa que havia em Copacabana. Aprendera muito rápido a fazer sexo oral e sua garganta parecia bem profunda e os pênis dos homens faziam curva dentro da sua bôca carnuda . Os prós ela não dissera mas dissera-me algo sobre presentes e clientes exclusivos que eram cidadões que mantinham a preferência e que pagavam melhor e ainda as faziam gozar e faziam questão disso. Fora ainda os clientes estrangeiros e turistas nacionais que costumam pagar bem mais. Ali também fazia ponto um travesti muito bonito e que não se dizia que se tratava de um rapaz tamanha era a perfeição do seu corpo e de suas curvas que eram acentuadas e nunca precisara colocar silicone na bunda pois já a tinha avantajada. Todos perguntavam se era uma moça até a voz era de mulher. Era a prostituta mais linda do ponto. Tive também a oportunidade de conversar com uma jovem casada, cujo marido a deixava no ponto todas as noites e sempre levava o filhinho no colo. Perguntei-lhe sobre o motivo de trabalhar nas ruas sendo casada e já mãe e dissera-me que o marido a mandava trabalhar para aumentar o 'orçamento doméstico' mas que ela não gostava daquilo. Dissera também que quando se negava por algum motivo a ir para a noite o marido a surrava e então sentia-se obrigada a ir de qualquer forma . Penso que possa ter dado o seu grito de liberdade abandonando aquele marido folgado e cruel . Já a algum tempo não a vejo mais no ponto. Certa vez estava lendo na sala do meu apartamento algo que tinha escrito, quando ouvi uns gemidos incessantes. Não deixei que aquele ruído estranho vindo da rua me distraísse pois a minha leitura estava muito interessante, entretanto como não cessava decidi deixar os meus escritos e dirigi-me à janela de onde pude ver uma jovem sendo espancada bem em frente no estacionamento entre um carro e outro. Eram seis mulheres que estavam a massacarar uma jovem com os saltos de sapatos e só a atingiam no rosto. Quando se deram por satisfeitas as mulheres pegaram um táxi que já esperava , se foram ficando a jovem ensanguentada no chão e com dificuldade a vi se levantar e tentar caminhar e vi também um homem indo em sua direção para ajudá-la mas ela não aceitara ajuda. Saíra cambaleando e pegara um táxi e desde então nunca mais a vi no ponto. Era o rapaz bonito que vestia-se de mulher todas as noites para trabalhar e nunca mais o vi por aqui. Vitória dissera-me que chamava-se Tabhata e que era a mais bem paga de todas. Era homem e saíra com o taxista que ficara esperando que as mulheres fizessem o trabalho sujo. Souberam que o seu rosto ficara desfigurado e que não mais poderia trabalhar ali. As prostitutas, segundo Vitória sentem prazer em trabalhar todas as noites pois nada lhes falta durante o dia. Podem se dar ao luxo de comer do bom e do melhor e dormem bastante de dia para à noite renderem mais. Estão acostumadas ao sexo automático. Os homens colocam dentro gozam pagam e vão embora quando as deixam no ponto. São chamadas de PUTINHAS e precisam fazer TUDO o que o cliente quer. Se se negarem apanham como cachorras e não conhecem um orgasmo que seja. Quando pensam em gozar, o homem já terminou e as vezes eles querem pagar mais para transarem sem camisinha. Quando se negam são espancadas e saem do programa com hematomas e arranhões. Conversando com Vitória descobri que quando estão menstruadas enfiam algodão no fundo da vagina para que o cliente não perceba pois se notarem são espancadas mesmo. Precisam lamber o ânus do homem pois ele paga então ele comanda a situação. Suas vaginas são arrombadas as vezes pois alguns homens tem taras e enfiam objetos como cabo de escova de roupas e outras coisas que sejam mais grossas que seus pênis e adoram vê-las sofrer. Quando não estão fazendo programa ficam a noite inteira conversando embaixo da minha janela e assim eu perco o sono e acabo saindo para fazer-lhes companhia conversando sobre o que sentem e fazem depois que termina a noite de trabalho. Uma vez recebi a visita de uma amiga do sul que ficara na janela observando aquelas jovens e dissera não ter nenhuma pena pois estavam nesta vida por opção. Contudo retruquei pois elas estão nesta vida exatamente por falta de opção. Claro que se tivessem algo mais rentável e mais digno optariam por fazer outro tipo de trabalho. Não tiveram oportunidade de estudar e nem de melhorar suas condições por isso decidiram pela vida nas ruas. Não é nada fácil a vida das PROSTITUTAS. Algumas mulheres as condenam mas não queiram elas estarem em seus lugares. O dinheiro da renda arrecadada durante o mês é quase todo enviado aos seus pais no interior e eu soube também que nenhuma delas mora no Rio de Janeiro. Tem moça de todo o país aqui embaixo na avenida. Todas elas querendo o melhor para as suas famílias que vivem miserávelmente no interior. Algumas adoram fazer programa e adoram quando algum homem as chamam de PUTAS pois sentem-se engrandecidas já que afinal é necessário que sejam putas de verdade para poderem trabalhar e com prazer agradar ao cliente. Esta é a DIFÍCIL 'VIDA FÁCIL' de uma PROSTITUTA. E essas foram as CONFISSÕES DE VITÓRIA que eu as relato com a totalidade sem mudar uma palavra sequer.


LirÓ CarneirO

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