terça-feira, 28 de abril de 2009

APENAS POR UMA NOITE

Eu havia me programado para uma viagem de descanso ao tépido sol do Sul da Bahia. Nada melhor. Embora aproveitasse um pacote de excursão que acabava tornando mais barata a viagem, não queria a agitação que normalmente se busca nesta forma de viajar...mas, estava animadíssima, embora estivesse indo sozinha. Meu desejo de sair e conhecer um lugar tão falado (Porto Seguro) deixava-me excitada. Tudo pronto para a viagem, malas arrumadas, tudo conferido e só faltando chegar a hora do embarque. Enfim, o dia. Parti deslumbrada mas um tanto insegura. Meu namorado quase terminara comigo pois era contra que eu viajasse sozinha e não podia me acompanhar nestas férias fora de época. Era uma licença prêmio que tinha recebido, e tinha que aproveitá-la. Estava tão cansada das relações na cidade, do dia-a-dia, que nem me importei mesmo com o que ele achava. Procurei acalmá-lo, fazendo muito amor nos dias prévios a viagem... mas, se de fato terminasse comigo, dava um jeito de arrumar outro, quando voltasse. Não era nada sério, mesmo. O ônibus ia cheia de gente feliz e animada. Quantas cabeçinhas brancas...pessoas que viveram, trabalharam, e, pasmem, tinham como recompensa conhecer apenas Porto Seguro antes de morrer. Enfim, já estávamos indo para o Paraíso...a viagem foi calma. Conversei um pouco com vários deles, especialmente nas paradas para almoço e lanche...era impossível não se enturmar. Fui ao lado de um senhor bastante idoso, que cochilava em meio à conversa, coitado...devia ser efeito de remédios...mas levei um livro muito interessante para ler...contos eróticos, que adoro! Foi engraçado, todos dormindo e ressonando, e eu excitada, me tocando sob a coberta do ônibus. Chegando à cidade, nos dirigimos para a pousada (resort) combinada pela empresa. Era confortável. Eu estava cansada e louca por tomar um banho, dormir um pouco. A água quente descendo a espuma pelo meu corpo, me dava um arrepio, que se misturava com a excitação de estar em Porto seguro...idéias me vinham a mente. Pensei: “Ah, Dimitri (era o nome de meu namorado) você não devia ter brigado comigo, sabendo que eu vinha para cá...não sei se vou resistir ao primeiro “Deus de Ébano baiano” que me arrastar”. Deitei e dormi rápido. Duas horas depois, eu acordei e fui dar uma volta pela Avenida Beira Mar, que me indicou o porteiro do hotel. A brisa estava fresca e me senti, realmente, em outro lugar, fora do Rio. O banho e a dormida (e antes, uma siririca básica), tinham me renovado. Entrei numa loja de miudezas. Coisas lindíssimas, artesanato local. Eu não levara muito dinheiro e nem queria gastar muito, pois ao voltar precisaria de grana para algumas despesas em casa. Moro sozinha (aliás, com meu cachorro). Não posso e nem quero me dar a certos luxos. Por isto, me divirto pouco e queria aproveitar a viagem. Sai da loja e continuei a observar tudo, vitrines, doces, coisas diferentes, sem me importar com os ares de turista que devia estar passando. Caminhava pelas ruas de um mercado popular local, quando ouvi gritarem rasgadamente o meu nome...assustei-me. Não conhecia ninguém ali, e o pessoal da excursão, não sabia meu nome. Eu era uma estranha no lugar. A voz gritara mais alto e resolvi olhar no meio da multidão...voz de mulher. Demorei para avistar, mas era uma moça, cujo rosto me era muito familiar. Logo reconheci. Uma menina linda que eu vira criança, com doze anos, que crescera bastante, se tornando uma jovem de beleza estonteante. Tinha agora vinte e dois anos. Fiquei muito feliz ao vê-la. Há muito eu não a via nem sabia nada dela , que freqüentara muito a casa de meus pais. Mariah (este era seu nome), muito carinhosa, abraçava-me e enchia-me de beijos, repetindo o meu nome, como se não acreditasse que era eu mesma...cheguei a ficar constrangida, quando me lembrei que, afinal, a vantagem de estar em um lugar estranho, era não precisar se preocupar com nenhum constrangimento. De minha parte, também foi uma alegria encontrá-la, pensei, pois quebrava a solidão e a monotonia da viagem solitária...alguém para rir junto, etc. Ela tinha vindo a Porto com uns amigos, mas, estes resolveram ir para salvador, e ela preferiu voltar para o Rio, onde estava em época de provas na universidade. Por conta disto, terminara o namoro...o seu namorado, enturmado e sem compromissos, quis ir a salvador com os outros, na certa para se perder no carnaval fora de época. Estava solteira e se considerava livre em sua ultima noite em Porto. Fomos a um restaurante que tinha um deck acima do mar...almoçamos juntas uma caldeirada baiana, bem apimentada. Ela, que havia pedido o prato, me explicava a diferença das pimentas baianas, com características afrodisíacas, aromáticas, etc... Rimos muito quando eu lhe disse que, era melhor que não exagerássemos na pimenta, pois tanto ela como eu, estávamos largadas, sem namorados, e, se a pimenta batesse, ficaríamos a perigo. Ela era muito divertida. Contava piadas, sorria o tempo todo. Ainda me falava sobre pimenta, ressaltando a “De Cheiro” que era usada no nosso prato...pouco ardida mas muito cheirosa, como “xibiu de moça”, falava, imitando o sotaque baiano. Eu a observava, divertida. E me dei conta que era aquela menina (para mim, uma menina, de fato...vinte e dois anos). Lembrei-me de uma cena...ela fora nos visitar. Meu irmão, em uma fase artista plástico, tinha baldes de tintas preparadas para uma obra que planejava no galpão da casa. A menina, magrinha e curiosa, como toda a criança, foi mexer e fez derramar sobre seu corpinho, um dos baldes de tinta vermelha...nossa! A coitada ficou lívida...eu, a única mulher na casa, me dispus a lhe ajudar a lavar o corpo em um banho demorado, para retirar a tinta óleo..difícil...esfreguei-a muito com a bucha...com cuidado para não machucá-la...lembrava disto, enquanto observava aquela bela e fresca mulher que falava, espirituosa, e não parava de me fazer carinho. Quando disse que estava com passagem marcada para o dia seguinte, fiquei triste, repentinamente, lamentando pelos passeios que poderíamos fazer juntas, e não o faríamos. Como já tinha fechado, junto com os outros a estadia na pousada que tinham escolhido, perguntou-me onde eu estava hospedada. Vi que ainda não tinha onde dormir e ofereci: “Olha..se ficar no meu quarto, quietinha, como uma amiga que veio visitar, pode ser que não dêem conta...e você terá onde dormir...se descobrem, o que pode acontecer é que terei que pagar mais uma diária, o que não é problema...tenho uma sobra para emergências...e assim, você me faz mais companhia. Ao que ela foi logo dizendo: “Oba! Vou dormir com você, hoje”...ri...com a sua singeleza e abracei-a, carinhosa, renovando o sentimento de mãe de quando lhe dei banho, dez anos atrás. Fiquei feliz. Pelo menos por uma noite não estaria tão sozinha. Aquela decisão nos aproximou. Ficamos mais juntas ainda durante todo o dia. Fomos a locais que ela conhecia, dançamos forro na praça, ela me ensinando o bate-coxa...enfim, adorei nosso dia, mas esta já parecia alongar-se em demasia, e eu me sentia cansada...não anoitecia nunca e aquela menina, já uma moça, estava me dando uma canseira. Confesso que estava exausta. Jantamos, tomamos um sorvete de cupuaçu e ainda fomos a um cinema. Fizemos tudo o que ela queria fazer...era como se eu levasse para passear uma sobrinha, uma filha que não tive. Enquanto ela dançava na praça, eu vigiava, como "mãe de miss", evitando os gaviões em torno dela. Depois de irmos a uma loja, onde comprou presentes para a família, que, enfim, resolvemos ir para o hotel. Ela não me parecia nada cansada. Pelo contrário. Mas também eu viajara por um longo tempo. Ela não. Chegamos ao hotel, com o hall todo espelhado, enfeitado com um aparador onde se podia ver enfeites nada comuns, como estatuetas imitando grandes obras, cinzeiros de cristal e muitas outras coisas exóticas, dava ao lugar um certo ar de estranheza. Perguntei se ela se encomodaria que eu tomasse banho primeiro, pois queria relaxar. Muito alegre,ela disse “é claro que não, querida”. Tomei um banho demorado, usei um creme amendoado que ganhara do namorado. Muito perfumado e relaxante. Logo depois, eu ainda lá, ela entrou no banheiro antes que eu terminasse, e se desnudou, deixando expostos os seios e todo o corpo. Como aquela menina crescera e se tornara uma mulher tão linda! (pensei e fiquei na minha). Afinal, éramos duas mulheres e isto, de ficarmos nuas uma na frente da outra, é quase um rito de intimidade entre as mulheres. Também, não achei de bom tom comentar nada sobre a sua beleza, pois nada a ver ficar elogiando o corpo daquela que eu vira criança, ainda a crescer peitinhos. Nem ficava bem. Ainda mais que, segundo ela disse no almoço, me elegera sua segunda mãe, na infância, apesar de ter mãe. Como ela era muito carinhosa, também a elegera a minha filha, já que não tinha filha.... Fora uma bela garotinha e agora estava diante de mim, uma bela mulher. Fui para o quarto, enquanto ela se deliciava na ducha quente do hotel. E que ducha era! Estava me ajeitando na cama, vestida apenas com uma camiseta velha de estimação e um short de pijama, pois o verão estava arrebentando, mesmo de noite. Fazia muito calor. Liguei o ar condicionado. Logo, a vi chegar de toalha e largar a toalha na poltrona, se deitando ao meu lado. Ria, meio maliciosa...meio criança levada...senti que ela tinha alguma intenção não muito católica. A cidade ficara lá fora...a agitação. Estávamos ali, entre quatro paredes, protegidas da solidão. Éramos dois corpos quentes e, percebia em mim, frementes. Pensava isto, quando, de soslaio, reparei as marcas dos bicos dos peitinhos dela no fino lençól que nos cobria...me censurei por lembrar dos peitinhos nascentes, aos doze anos. Quando me virei de costas, para afastar tais pensamentos, me dei conta que ali estava uma mulher de vinte e dois anos. Foi quando sentí–a a me abraçar e acariciar as coxas, e, perversa, se colocar de leva sobre mim, me fazendo sentir apenas os bicos dos seus seios entumescidos, contra a pele das costas. Me virei com cara de surpresa e não tive tempo de falar ela deitou seus lábios frescos e vermelhos sobre os meus, beijando ávida a minha bôca, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Fiquei atônita! Não esperava, de verdade, por aquilo. Não mesmo. Era uma mulher que se deitara ao meu lado. Alem disso, tinha um resquício da menina que eu vira crescer e que me admirava tanto! Fiquei sem defesa, pois ela sabia como ninguém como deixar uma mulher excitada. E eu, a aquela altura, embora tentasse não demonstrar, estava encharcada de tesão, já. Aquilo para mim era totalmente novo. Não imaginara jamais uma situação daquela em minha vida, ainda mais com Mariah, minha filha postiça. Eu estava numa fase que estava deixando rolar o que viesse para a minha vida, mas aquilo era por demais impensável. E eu não pude pensar em nada a não ser em corresponder ao carinho excessivo e tão espontâneo da jovem que virara mulher sem que eu notasse, pois não a via a muito tempo.
Sem notar, fui desejada.Sem perceber, eu desejei.Nunca me senti tão amadaE por uma noite inteira me dei.
Dei-me toda ao devaneioÀ luxuria de uma mulher.Seu cheiro exalava no quartoO aroma de bem-me-quer.
Inebriadas por este aroma Que dela e de mim, vertiaE no quarto, ressendiaNuas e suadas, nos entregamos...
O odor do licor mais precioso..Ambas exalamos...
Pelo fato de conheçê-la, sentia como se fosse uma coisa incestuosa. Afinal, se fosse parar para pensar, era um incesto, mas não era de fato e nem de direito. Mariah tomara-me os seios e os acariciava com a língua quente. Passava os lábios em minha barriga e fora descendo para a minha vagina, que, àquela altura, já pedia por sua boca, que era a coisa mais deliciosa que eu já provara. Enfiava a língua dentro de mim com uma habilidade masculina. Tomara-me o sexo com os dedos longos e me fizera sentir o que já sentira, mas com o meu namorado, o que é natural. Mariah tinha uma habilidade só sua em tudo o que fazia. Chamava o meu nome, o que me deixava muito excitada. Depois de me levar ao orgasmo por várias vezes, deitou-se como se esperasse retribuição. Descansou o seu cansaço sobre o meu peito nu, onde podia sentir o respirar ofegante e quente, vindo daquela boca fresca como uma rosa orvalhada. Começei a beijá-la com doçura e podia sentir o gosto do meu sexo em seus lábios lindos. Começei a tocá-la com meus lábios na vagina quente e umidecida de desejo. A lambi toda e senti o perfume de jasmim exalar de seu corpo, que vertia um tesão enlouquecido! Percorri todo o seu corpo com carinho, lentamente e pude sentir a sua pele arrepiada, ouvindo seus gemidos de puro êxtase . Voluptuosamente a beijei inteira; delicadamente, pois tudo em Mariah é delicado. Que devaneio louco! Não poderia acreditar no que estava acontecendo ali, naquele quarto de hotel tão longe de onde moravamos. Súbitamente, Mariah levantou-se, abriu a bolsa e tirou de lá um pênis artificial. Sorridente, como se portasse um brinquedo, pulou na cama e me disse: "agora, o bicho vai pegar! O fogo vai subir e a gente vai gozar muito". Vestiu-o com uma camisinha e usou um lubrificante potente. Foi introduzindo em mim aquele objeto, rodando-o, mexendo...de inicio estava geladinho, mas, foi ficando quente à medida que friccionava delicadamente em minha vagina. Fui ao céu...(e lá é tudo azul). Ela conhecia os movimentos que dão prazer. Nossa, como conhecia! Que maravilha! Que coisa nova em minha vida! Depois de me fazer gozar bastante, ela mesmo colocou aquele pênis em si e a minha mão no pênis para que eu fizesse como ela fizera comigo. Gemia alto e as vezes parecia urrar de tanto tesão. Que mulher! O seu prazer me deixava enlouquecida! Mordia os lábios com força e depois me beijava. Usamos aquele objeto do nosso desejo em todos os orifícios possíveis e depois de tirarmos a camisinha, o chupamos como duas crianças que dividem o mesmo picolé. Pensei que ali faltava o meu namorado, que, de certo, adoraria participar de tamanha orgia! Porém, Mariah tinha a capacidade de me fazer esquecer de tudo, e logo a imagem do rosto de Dimitri sumiu da minha mente. Quem iria querer lembrar de Dimitri num momento tão sagrado e belo como aquele! Lembrei-me, pois nós dois temos a fantasia de fazer amor a três e aquela jovem era um prato cheio para o que planejamos. Mariah é uma mulher maravilhosa e naquele momento, não a trocaria por nenhum homem que fosse, deste mundo. Era natural, extrovertida e dava a entender que nada de errado estava acontecendo conosco.. Deixava a sensação de coisa comum, duas mulheres se amando e sorrindo a cada orgasmo alcançado. A sua bôca era uma coisa inacreditável; a sua pele, um pêssego; a sua língua, uma máquina de orgasmos; o seu beijo era devorador. Fazia uma coisa que jamais sentira com nenhum homem. O seu beijo alcançava as minhas entranhas e eletrizava todo o meu corpo. Seus dedos longos...ah...seus dedos longos! Quem precisaria de um pênis na vida tendo à disposição aqueles dedos longos!? Vimos o dia amanhecer, ambas gemendo de um prazer inesquecível, pois fiz o possível para dar aquela mulher orgasmos que ela também, não iria esquecer. Usei uma tècnica que nem sabia que tinha. Toquei em seu clitóris com um dedo apenas e ouvi o seu urro enlouquecedor. Lambi-a toda. Seus seios foram os meus e sua barriga jovem, minha pista para deslizar os lábios. A fiz sentir-se a mulher mais amada e cobiçada da terra. Tocava-lhe os cabelos e passava os meus em seu corpo inteiro, como se fosse uma pluma a acariciá-la. Gemiamos em côro, como se ensaiadas. Ao mesmo tempo, buscavamos o beijo desejado e quando nossas línguas se encontravam, era um êxtase absoluto. Nunca nenhum homem me fizera tão mulher quanto Mariah. Ela não é homossexual. Tem um namorado firme. Um rapaz da sua idade, jovem e que ela ama muito. Eu também não. Tenho Dimitri e êle é um homem que me faz muito feliz . Jamais precisei traí-lo. Voltando à nossa cidade, procurei por Mariah e vez por outra, nos encontramos e é sempre muito bom, pois ela é bastante criativa e carinhosa. Não me vê mais como antes. Agora somos duas amantes, mulheres que se encontram para dar e receber prazer. Meu namorado, depois de superar a revelação de minhas férias na Bahia, aguarda ansioso pelo dia em que poderá participar de uma noite conosco, pois afinal, sonhamos com isso por muitos meses e ele, compreensivo como foi, merece provar deste prato apimentado, requintado e delicioso. Esta foi a viagem mais prazerosa que fiz, e que mudou a minha vida, em apenas uma noite, como por encanto...



LirÓ CarneirO

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